Quando mulher que tem TPM está em plena crise, coisas improváveis e estranhas acontecem. A eterna oscilação entre euforia, depressão e ansiedade, transforma a nós, pobres moças férteis, em monstros ou em passarinhos sem pena. Esses dias, vivendo meus momentos de crise pré menstruais, me peguei na fase "depressiva-sensível-babona" e filosofei: Mah que coisa mais patética.
Nestes momentos eu choro pelas coisas mais idiotas e incabíveis deste mundo. Choro mesmo, de grandes lágrimas grossas e pesadas correrem pelo rosto, de escorrer o nariz e ter que apelar pro Kleenex.
Vejamos algumas coisas imbecis que me fizeram chorar nestes dias de sofrimento:
Simpsons: Sim, eu chorei assistindo Simpsons. Era um episódio em que o Homer queria que a Lisa tivesse orgulho dele, e pra variar ele fazia algo bem idiota. Mas a questão é que eu chorava e pensava "Pobre Homer, em busca de aceitação de sua filha intelectual, que mesmo sabendo de toda boçalidade do pai entende que ele a ama". E o Homer berrando "DOH!", batendo a cabeça em objetos pesados. E eu buá, buá, buáaa...chuinf.
Quando queimei o arroz: Sim, um dia de TPM é difícil. São tantas emoções incontroláveis. Eu coloquei muita água no arroz, e demorava pra secar e aumentei o fogo. Queimou tudo. Minha incompetência para ser uma boa de casa me frustrou tanto que eu chorei em cima da panela mesmo, indo tão longe na divagação maníaco-depressiva, que pensei "isso é desperdício de comida, tanta gente passando fome e eu queimando o arroz". Sabe? É tão cretino, mas na hora eu juro, eu achei um assunto muito sério.
Com a equipe de nado sincronizado do México: Ah aquelas tardes de sábado, nublado lá fora, frio, você em casa sentada de pantufas em frente à TV... Eu assistia as apresentações de nado sincronizado do Pan. Eis que me entram as meninas do México. O maiô delas era horrível, com uns paetês e desenhos "minimalistas" bem cafonas. Mas não foi o maiô caído que me fez chorar. Elas começaram a nadar/dançar ao som de uma batida meio étnica. Eu comecei a pensar na civilização Asteca. "Oh, que coisa, a civilização Asteca, tão misteriosa, mas ao mesmo tempo primitiva". Fiquei imaginando os caras venerando o Quetzalcoatl, sacrifícios humanos, nachos (ei, na TMP a gente tem fome, poxa, era o México, entendam!) enfim, eu abri o bocão e desatinei a chorar. Meu namorado entrou na sala e quando olhou disse "Nossa amor, mas elas são tão ruins assim?". Bah, esses homens não entendem nada.
Olhando minha cachorra dormir: Sei lá. Ela é tão bonitinha, tão pequena e frágil, tão amável... Aquela melosidade toda me tomou e eu chorei em cima do bichinho, que acordou e tentou lamber minhas lágrimas, o que me fez chorar mais ainda "Buáaaah, você é tão fofa Debbie, eu te adoro viu, buáaah" enquanto abraçava o bichinho até que seus olhos pulassem pra fora, no melhor estilo Felícia do Tiny Toons.
Admito que isso tudo é inexplicavelmente irracional. Não tem sentido mesmo. Na hora tudo parece importante, e triste, e sério, e profundo... Ao mesmo tempo, quando o ataque pára, você vê o quanto está fragilizada e começa a rir sozinha. Não estranhe então, quando ver uma mulher chorando só porque o cabelo dela está péssimo, ou porque a margarina venceu, ou porque a conta de gás deu 17 reais.
Acontece.
24 de ago. de 2007
Oscilando
Escrito por Sarah às 15:54
Labels: Comportamento, Confissão, Mulheres