14 de jul. de 2004

Descontrole

Eu não estava pensando naquilo. Estava quieta. Olhando para as cores, as formas, as placas de vidro e suas letras desvairadas. Carregava meu copo, sugando a coca-cola aguada. Eu não estava pensando naquilo. Nada me chamava atenção. Eu queria sair logo dali, fumar um cigarro e nem pensar em pensar naquilo.

Foi quando as letras se juntaram. Formaram a palavra maldita. A palavra unida em seu contexto mais perverso e enebriante. Eu fiquei zonza, meus olhos se aguçaram para as pequenas peças distintas, seus tons mágicos e formas sedutoras e lindas, minhas mãos as acariciavam, meus olhos reviravam para todas as direções. Estava zonza, mas um torpor relaxante, ácido e que não me deixava sair dali.

Tudo chamava meu nome. Os detalhes se tornavam sagrados, como uma linda catedral gótica, seus bordados sacros em pedras...chamavam meu nome. Três vieram até mim. Três souberam sorrir ao meu gosto. O primeiro, acabou-se perdendo em mim. Não faria parte de minha vida. Ali parado me pareceu atraente, mas quando finalmente aproximou-se de meu corpo, não agradou minha alma. O segundo, me submetia a uma loucura vanguardista, me levava a atravessar os muros do contemporâneo e alcançar o topo dos templos cosmopolitas. Mas eu não queria ir tão longe.
O terceiro. O último. Chegou amndrontado. Não havia dito nada. Era delicado e finalmente me acalmou.
O que nos é singelo aos olhos perdura no coração. Ele ficou comigo. Está aqui ao meu lado. Junto a meus pés.

EU NÃO QUERIA TER FEITO ISSO. Sinto uma alegria imbecil, como um velho que lembra onde colocou seus óculos. Que estavam parados na lapela de sua camisa o tempo todo. Uma risada besta no canto da boca. Um orgulho ignorante.


Eu comprei mais um sapato.



Até Mais