16 de jan. de 2006

La Cage Aux Folles

Hoje de manhã estava no busão, sentadinha quando me deparei com uma figura mítica: O Transgênero. Não, não é travesti. É aquele sujeito que quer ser mulher, mas não exagera na dose. Fica parecendo uma tia velha. Esse tinha o cabelo loiro tipo da Hebe, os braços peludos, as unhas feitas, as sobrancelhas depiladas...Mas tinha resquícios de barba. É engraçado o esforço que ele fazia para ser feminino, para passar a mão no rosto, para coçar o braço como uma mulher faria. Usava sapatos de senhora, com aqueles saltos largos, e estava lendo aquele livrinho preto de salmos. Fiquei olhando meio de leve para o cara (era um cara?).
E acabei me lembrando de um personagem de um desenho que assisti recentemente: Tokyo Godfathers. Essa animação foi uma surpresa pra mim. Não esperava muita coisa e acabei encontrando um dos melhores animês que vi nos últimos anos.
Tokyo Godfathers, de Satoshi Kon, é um primor tanto em roteiro como em animação. Conta a história de três mendigos (uma menina rebelde, um bebum depressivo e um travesti sentimental) na Tokyo contemporânea, que na véspera de Natal, encontram um bebê abandonado no lixo. Aí a história gira em torno dos conflitos pessoais de cada um, e das peripécias que eles vivem para cuidar da criança e encontrar seus verdadeiros pais. Engraçado, emocionante e cheio de reviravoltas, Tokyo Godfathers é um filme inesquecível.
Voltando ao transgênero do busão , o travesti, ou o que você quiser chamar, ele me trouxe a lembrança de Hana, a traveca boazinha do filme. O sonho de Hana é ser mãe, e ela é extremamente religiosa, assim como a tia (pode chamar de tia?) do ônibus e seu livrinho de salmos.