13 de jan. de 2006


Vodka Dostoievski?

Nunca imaginei ler, no mesmo texto, as palavras “Wanessa Camargo” e “Fiodor Dostoievski” juntas. Mas eu li (onde, onde?) e devo contar a vocês: está na moda ser inteligente. As cocotas estão a fim de ter assuntos mais profundos para discutir na mesa , afinal, tem hora que o assunto acaba né queridos, falar só de bolsa, sapato e balada é maçante. Tanto que a filhota do Zezé, a chiquetérrima (e agora cultérrima? – se bem que com uma cabeça daquele tamanho era bom que ela usasse para alguma coisa), Wanessa – com “dábliu” de wonderful and world, assim como explicou dona Zilu –Camargo, está tendo aulas profundérrimas sobre filosofia e religião. Arrasou!

Eu concordo mocinha da jaca colossal: Cantar mal para um bando de fãs que ainda acreditam que sua música é boa, não rende em nada (bom, rende dinheiro, mas afinal, o que é dinheiro quando se tem instrução filosófica?). É bom aproveitar o intervalo entre uma sessão de fotos para a capa da revista Capricho e a hora para alisar a cabeleira, e dar uma checada na Divina Comédia. Participar do Programa do Luciano Huck e gritar para o povo “Gente, entender o mito da caverna foi minha realização” também rola. E claro, ao abrir as portas da sua casa para o Gilberto Barros e mostrar sua ampla biblioteca “Olha Gilbertão, esse livro do Kant é o má-xi-mo. Pessoal aí de casa, eu recomendo! Ah e comprem meu último cd, Amor , amor, esse louco amor – é isso aí pessoal – ah e eu não estou namorando o Kako Picabella”

Não vou desmerecer a Uanessa, é interessante que ela adquira conteúdo, e quem sabe, pare de compor músicas desse naipe: “Não vou mais agüentar /Vou ter que te ligar /Vou ter que te falar/ Minha paixão contar/ Você me seduziu/ Meu coração levou/ Da minha boca ouviu...”.

O Boom dos VIPS - “nossa existem escritores russos! E eu achando que de lá só vinham o mink e o caviar!” - é tuuuudo! Amiga, você não sabe: conteúdo é o novo luxo do momento. Pelas palavras da cocote “farahônica” Alexandra Farah: “Algumas coisas já não bastam. Não dá mais para falar apenas de roupas, bolsas e viagens. O luxo deixou de ser apenas isso. Agora também é preciso ter conteúdo – esta é a palavra do momento. O que você lê, que exposições prestigia, que filmes gosta. E é muito legal as pessoas se interessarem pelos mais diversos assuntos”.

Arrã! É muito legal ter bilhões de dólares e queimar com comida e roupa lá da Europa, e ao deparar-se com o Panteão de Roma não passar a vergonha de dizer: “Nossa que interessante essa coisa não? Parece a entrada da casa da Lurdinha!”.
Chega roteiros de ricos fora de moda e suas viagens: O que comer e onde comprar. “Básico né filhinha!?”: Agora o básico é a Mimi Madrugal virar-se e dizer : "O Panteão foi construído em torno de de 25 a.C, e inicialmente era um templo para as sete divindades da religião romana - os sete planetas - mas a partir do século VII transformou-se em um templo católico"

Jet Set People: estudem literatura, filosofia, artes e história. Rendem ótimos assuntos para jantares no Fasano. Questionar sua própria existência entre um Cabernet e outro, é o que faz sua vida valer a pena.

Tudo o que eu queria era ser bilionária e entender filosofia.

O caso é que eu sou pobre e fico lendo revista “Contigo”. Bela comparação.

Shame on me.
Nietzsche veste gravata Alexander Mc.Queen,
camisa Armani e fixador de bigode Kerastase Evolution.