9 de mai. de 2006

Na minha época era o Cirilo.

Novelas mexicanas. O que posso dizer? O Sílvio Santos me ensinou a ter um carinho especial por elas.Aliás, mais do que carinho: Uma admiração muito grande. Lá estão as heroínas pobres e as vilãs venenosas, com batons em tonalidades rosas e vermelhas escalafobéticas, cílios postiços, unhas de 6 centímetros, terninhos de cores cítricas, meia-calça cor da pele, brincos maiores que um abacaxi maduro, apliques e mais apliques capilares, botas brancas... A lista mais bacana de "o que não usar sob hipótese alguma durante sua existência" - O que torna a coisa toda muito divertida.
Os roteiros são simples. Teoricamente há alguém pobre, alguém rico, um amor impossível, um vilão ou vilã implacáveis, um cachorro simpático (mexicanos gostam de cachorros simpáticos), mexicanos com cara de mexicanos, mexicanos com cara de americanos e mexicanos com cara de chilli con carne. E sempre há uma, pelo menos uma mulher chamada Lupita.
Na minha época o fênomeno se chamava Carrosel. Entre a molecada bunda-mole, assistir Carrosel era um ato diário de entretenimento puro. Eu era bunda-mole.

Hoje fenômeno mexicano é uma coisa estranha. Não vou digitar o nome da bagaça porque não quero fãs entrando no meu blog atrás de nada que envolva ISSO.

O que é isso? São um bando de atores com 25 anos interpretando jovens de dezesseis. E cantam. Na verdade não cantam (bem), mas arrastam multidões para estacionamentos de supermercados da periferia, onde alguns fãs morrem sufocados. Carreira internacional: Na verdade eles fazem sucesso entre os imigrantes tchicanos nas fronteiras dos EUA e entre brasileiros. Povos comprovadamente escandalosos.

As bancas estão abarrotadas de revistas mal-produzidas, com fotos em baixa-resolução de 6 mexicaninhos vestidos com roupas de gosto duvidoso e maquiagem suficiente para cobrir 5 Hebes e 9 Dercy Gonçalves. Mas a meninada gosta, e gosta muito.Então, lá fui eu em minha pesquisa de campo assistir a porra da novela. No capítulo que assisti havia uma mulher que parecia um travesti, aparentemente era mãe de uma das "adolescentes" da trama central. Ela tinha peitos enormes (a mãe) e usava uma calça muito justa. Justa a ponto de gangrenar gangrenas. Ela chamava o grupo de seis comedores de enchilladas para dançar em seu show. Oh sim, a peituda era cantora também. Uma coisa meio "J. Lo encontra Rosana e as Marcianas". Mas os jovens mariachis não poderiam mostrar seus rostos porque estudam em uma escola cara. A relação aqui seria "ricos não dançam atrás de um pseudo-travesti rebolantes, mesmo que este seja a sua mãe".Então eles colocam máscaras e dançam uma música para a mamãe-boca-do- lixo. Ela canta (?), mas o SBT dublou a música, à maneira essebetriana de dublar novelas cucarachas, e o que saía de sua boca injetada e rosa paixão eram palavras (sem sincronia) como "meu amor" "não vou, não vou" atrás de um enojante sampler de midi.

Resolvi parar de assistir. O cérebro humano (em pleno funcionamento) aguenta um certo nível de podridão. Este nível está entre conseguir acompanhar esta novela e ouvir o CD da Ana Carolina e seu Jorge. Não há diferença clara entre as duas opções, mas eu creio que prefiro assistir a novela dos jovens burritos com cheddar.

Este post me deu fome. Preciso de tacos.