7 de abr. de 2007

Ronery, vely ronery

Estava com minha mãe hoje, descendo a rua, olhando as vitrines das lojas, comprando porcarias. Entrei em uma daquelas lojinhas de coreanos tosquérrimas, que vendem roupas malfeitas, feias e razoavelmente baratas. Havia um short xadrez bacana em promoção, e eu honestamente acho que coisas baratas não necessariamente são podres. E lojas toscas ás vezes reservam supresas, basta procurar.

Mas deixando minhas divagações consumistas de lado...

Havia uma menina coreana no caixa da loja. Ela não era feia, só precisava de um auxílio, tipo um corte de cabelo, um blush e um pouco de rímel. Devia ter uns 20 anos. Era extremamente tímida e não falava português direito (como muitos coreanos). Só vim conhecer coreanos aqui em São Paulo, na cidade de onde vim não haviam tantos ou eu não circulava por onde eles estavam.

Ela tinha uma feição triste. A loja estava abarrotada de roupas, era difícil até respirar. A moça olhava para o chão, com uma cara melancólica. Eu fui provar o short e chamei minha mãe pra ver. Eu estava usando meias engraçadas, com caras de porquinhos. A moça viu e começou a rir com a mão na boca.

Imaginei que aquela mocinha provavelmente era evangélica, como a maioria dos coreanos aqui no Brasil e pelas roupas que usava. Iria ficar com um rapaz em casamento arranjado (como é comum), seria infeliz pelo resto da vida, sentada no canto de uma loja abarrotada de roupas e sem janelas. Ao pagar, ela me entregou a sacola como os orientais fazem: com as duas mãos, esticando os braços para frente e acenando a cabeça.

Eu fiquei triste, pensando que uma moça tão bonita não merecia ficar enfiada nessa vida sem graça. Imaginei-me dando minha meias de porquinho para ela, e dizendo, como o Yoda entregando o sabre de luz a Luke: pegue este símbolo de descompromisso com a seriedade e aprenda a seguir o lado Glam da vida. Queria sequestrar a mocinha, dar um banho de loja, cortar o cabelo, fazer um make-up, levá-la pra dançar, pra tomar um porre de champagne e paquerar uns mocinhos. Queria que ela sorrise.

Então eu sorri pra ela e disse: "Obrigada, Feliz Páscoa!"

Ela olhou muito rapidamente para meus olhos e disse:

"Obligada!"

Aiai, preciso abrir uma fundação para ajudar as moças sem glamour na vida...


Gong Li em Shangai Triad