1 de jun. de 2007

Um post teoricamente triste, e provavelmente inútil.

Aos 12 anos eu gostava de um menino. Chamava-se Leandro. Era um japonês mestiço, que usava óculos e um mullets estranhíssimo. Eu achava a coisa mais linda, porque ele tinha sardas e cara de inteligente. Eu olhava para ele durante o intervalo das aulas, e escrevia cartas de amor que nunca seriam entregues e imaginava situações que nunca aconteceriam. E

Eu só olhava o Leandro de bem longe. Ele tinha um sorriso muito bonito. Acho que nunca tinha ouvido a voz dele. Não me lembro dessa parte. Creio que não ouvi.

Certo dia, uma amiga (ah essas coisas de criança) roubou uma carta que eu escrevi e entregou ao rapazinho. Quando ela me contou eu fiquei brava, mas depois pensei que, bom, seria interessante se ele soubesse. Talvez ele olhasse para mim e eu finalmente poderia ouvir a voz do japonês sardento. Talvez eu pudesse fazê-lo rir.

E fiquei estranhamente feliz. Ao fim do intervalo, eu caminhava no corredor, e o Leandro estava a alguns metros de mim. Ele segurava algo nas mãos. Um pedaço de papel. Era minha carta. Ele olhou para trás e viu que eu estava ali, e eu sorri. Ele parou de andar e eu fiquei a um metro dele. Ele rasgou a carta, jogou no chão. Olhou pra mim. E me deu um chute no estômago.

Assim, um chute no estômago, com força. Eu caí no chão. Sentia muita dor, daquelas que dão ânsia de vômito. Se me perguntam hoje, acho que foi uma das piores sensações que senti na vida. Sei que eu tinha doze anos, essas coisas podem parecer maiores do que são. Mas eu não sei medir isso. Eu fiquei ali caída, com as mãos na barriga, os olhos cheios de lágrimas e tantas outras crianças passando em volta de mim, rindo. Corri para o banheiro, vomitei sem parar e fiquei sentada ali dentro, chorando.

Nunca esqueci isso, e quando conversam animadamente em uma mesa, sobre as agruras dos amores, eu lembro dessa história. Não conto. Eu era criança e vai parecer bonitinho.

Hoje lembrei disso, não sei por quê. Esse deve ser um daqueles posts chatos que ninguém tem paciência para ler. Mas tá aí.

Eu e meu chute no estômago.