2 de dez. de 2005

Unique

Meu Pharmacêutyco vem me falando há um certo tempo de uma francesa que se apresentou recentemente em São Paulo. A moça é conhecida por ter a voz quase idêntica a de Billie Holiday, e por ele saber que eu amo Billie, disse que gostaria de saber minha opinião sobre sua "cover"
Madeleine Peyroux.

Pois ele me trouxe o CD da francesinha ontem e eu coloquei pra ouvir. Minha opinião:

Billie é única. Sua voz é única. Sua interpretação é única. Ela existiu um dia e foi simplesmente Billie. Qual é a função de existir uma moça nesse mundo que tenha a voz igual? Pra quê? Billie já vez o que tinha que fazer.

Não adianta dizer que não, a Madeleine faz a voz de Billie. Faz, porque naturalmente não tem. Isso me dá raiva sim. Acho absolutamente idiota. Me diz, qual a graça de aparecer um cara com a voz igual à de Frank Sinatra? Ele é o Frank? Não, só tem a voz igual. Então pra quê ele serve?

No caso da Peyroux, parece que ela faz questão de ser Billie. Lógico que todos gostam, afinal, 10 entre 10 amantes de jazz votam na interpretação de Billie como a mais emocionante. Billie faz chorar e rir. Madeleine não me faz nada disso, porque alguém muito mais foda do que ela tenta ser, já fez. Mas ela deve ter um orgulho enorme de de ser capaz de copiar a voz de Holiday. Eu teria oras. Talento ela tem de sobra. Mas precisava ser Madeleine, não é?


Billie tinha algo eu seu coração que a fazia cantar como se algo ferisse sua alma a cada segundo, a cada timbre de voz, a cada suspiro. Sua voz escorre pelos ouvidos como um líquido denso, mas extremamente doce. E te faz pensar na dor.
Billie had the blues.





"Lady sings the blues
She’s got them bad
She feels so sad
Wants the world to know
Just what the blues is all about"