23 de nov. de 2006

Jackfruit

Segunda de manhã, meu namorado retorna do mercado. "Tenho uma surpresa para você" ele diz segurando a sacola. Eu pensei "guloseimas?" Mas não.

Ele me deu uma Jaca.

Vejam bem, eu sou do interior, sim, meio caipira, admito, mas uma Jaca não é presente nem lá de onde eu venho. E eu nunca comi Jaca. Nunca sequer havia cogitado a idéia, muito menos me interessado pela fruta de tamanho descomunal. Mas lá estava eu parada na cozinha olhando para aquela Jaca, sob o olhar entusiasmado do meu homem. Eu questionava dentro de meu vasto conhecimento sobre frutas nacionais: "Será que está verde? Madura? Como eu decubro isso?" Dei alguns tapinhas na casca enrugada e coloquei na fruteira. "Vamos esperar amadurecer está verde" eu disse a ele, tentando disfarçar minha ignorância e arranjando um tempo para pesquisar fervorosamente antes que eu cometesse algum erro fatal com a Jaca.

Os dias passam e a imagem da Jaca pousada sobre minha fruteira me persegue. Eu procurei na net algum guia de "Como abrir uma Jaca" mas não achei. É um grande mistério. Eu corto na diagonal? Em transversal? Em gomos? Dou uma pezada? Boto no forno? Ela solta caldo, explode, fede, tem um veneno mortal caso eu corte de maneira errada?

A Jaca se tornou um dilema. Ontem eu tirei da fruteira e enfiei na gaveta da geladeira, para não ter que observá-la, a maldita Jaca, que simboliza minha falta de sapiência sobre coisas que uma mulher bem informada devia saber.

Sim, porque amiga mulher, você nunca sabe quando uma Jaca vai aparecer na sua vida.

Talvez no sábado de manhã, talvez então, eu abra aquela Jaca, expanda meus conhecimentos e finalmente possa me gabar em círculos sociais avançados sobre como eu "Sou inteligente, bonita, e ainda sei abrir uma Jaca. Ajoelhem-se e venerem meu poder multidisciplinar".