8 de dez. de 2006

That old black magic

Sentada ontem em frente à minha janela, ouvindo Chet Baker e sua voz de garoto melancólico, entendi que algumas coisas nunca serão genuinamente boas novamente. Hoje em dia, estão mortas e enterradas no quesito "novidade boa". O jazz é assim. A música clássica é assim. E sinto que o rock está assim.

A palavra aqui não é saudosista, talvez seja isso mesmo, veja bem, eu ouço muita coisa velha e o que encontro de novo já não me tem graça. Claro, existem coisas novas que eu gosto, mas representam uma pequena percentagem em relação ao que eu coloco na vitrolinha. Antes isso me incomodava e eu até ficava constrangida na frente dos "modernetes" sedentos por bandinhas desconhecidas e descoladas, e eu lá convicta de que o "clássico" é melhor. Agora eu saio à noite e reclamo que ninguém sabe escolher músicas e que não encontro um lugar que toque as músicas que eu gosto.

As coisas alcançaram um ponto onde se tornaram tudo o que poderiam ser. O por mais que se procure o novo hoje em dia, ele nada mais é do que uma cópia ou adaptação do que é genuinamente bom.

Veja, no Pop mundial. Michael Jackson. Ele é a porra do Michael Jackson. Só esqueçerão a figura quando esta civilização deixar de existir. Quero dizer, ele já existiu e foi o máximo que pop poderia alcançar. Por mais que apareça alguém amanhã, todos se lembrarão dele automaticamente porque ele foi "o cara do pop".
A mesma coisa com a voz do Morrissey e do Frank Sinatra.
Assim como o trompete de Dizzy Gillespie.
Assim como a rebolada de Elvis.
Assim como o sex-appeal do Mick Jagger.
A total falta de pudor da Madonna.
A dor de Billie Holiday.

Eu estou ficando uma velha chata.

Apesar dos pesares irei e recomendo (ei isso é algo novo e bom!)

ERLEND OYE (clique aqui para ver um vídeo dele) toca em São Paulo, semana que vem.

Apruveita.