5 de jul. de 2007

Dábliu Dábliu Dábliu

Você se lembra da primeira vez que acessou a internet? Lembra o que fez, onde entrou? Quando disseram "olha existe esse negócio, liga o computador, disca e se conecta a uma rede de informações aberta e em expansão" você imaginou o quê?


Havia computadores no escritório dos meus pais, mas eu não mexia neles. Fui mexer mesmo no laboratório da escola.Eu tinha 13 para 14 anos. Sala de informática do colégio. Era colégio particular, um PC por aluno. Ouvi aquele som bizarro de conexão (ah a conexão sonora discada... Blergh, saudosismo de coisa tosca não) e entrei na rede. Eu não entendia nada, era péssima a interface. Digita um endereço. Hã? Qual? Onde eu vou?


Aí a professora me passa um endereço do zipmail. Vamos abrir uma conta de email. Era tudo troncho. Mas eu fiquei muito feliz em ter um email. Durante meses nunca recebi nenhum, mas sentia orgulho em dizer "ei me manda um email!" por aí. Mas como a tecnologia mudou rápido, não existiu a era de ouro do email. O spam evitou que as pessoas tornassem um email algo tão precioso. Logo, meu email do Zipmail foi desativado por falta de acesso.


De uma manhã no colégio me sentindo retardada digital aos meus dias de hoje, a internet tornou-se essencial. Eu fico sem, mas sinto falta. É pior que sentir vontade de fumar depois de um café. Me dá faniquito ficar desconectada. Não é doença, é que, eu não consigo deixar de pensar em como a net é fantástica. Eu penso em uma música, em um assunto, em um livro, em qualquer coisa. Eu acho. Eu conheço. Eu leio, ouço, vejo. Em questão de segundos, e até hoje fico embabascada.



Outro dia tive curiosidade de ouvir o som de om ornitorrinco. Eu digitei, e lá estava, no Google. Ouça o ornitorrinco à vontade.



Meu emprego atual, namorado atual, novos amigos que eu adoro, tudo veio da internet. O cúmulo deste envolvimento foi digitar meu próprio nome no Google e ver no GoogleImages: Minha foto. Grande. Não uma, mas três diferentes. Eu estou lá. Minha cara para quem quiser ver. Fiquei assustada, pensei em contactar o google, pedir para tirarem. Foi um certo desespero. Meu irmão me assustou, falou que era perigoso. Tirei todas as fotos onde é possível ver meu rosto do Orkut.


Mas não adianta. Eu já estou conectada e entregue ao que os outros lêem, vêem, ouvem e interpretam que sou.


Essa sou eu na janela da casa de um grande amigo, o Lu, que conheci pela internet há muitos anos atrás. Para um trabalho de fotografia que ele fez para faculdade de moda, fui dar uma de modelo. A foto foi tirada em maio agora. Ao sentar e conversar com ele nesse dia, rimos de como nos conhecemos e que desde sempre sentíamos uma amizade muito forte, mesmo sendo somente virtual. E não achei nada estranho nisso.