4 de jul. de 2007

Mordendo tampa da caneta

Eu não escrevo à mão há muito tempo. Digo, escrever uma carta para alguém, ou um texto. Eu digito. Teclo. Bato a ponta dos dedos no teclado.


Estranha sensação essa às vezes. Da infância à adolescência eu escrevia, quase todos os dias, tantas coisas. Enchia cadernos. Se não escrevesse antes de dormir, perdia o sono. Muitas vezes já deitada, pensava em algo, acendia a luz e escrevia. Não era nada demais. Não eram diários, ou poemas. Era qualquer coisa. Mas perdi a vontade quando entrei na faculdade. Já escrevia demais lá, e minha cota de textos ficou baixa.


Hoje, mal anoto telefones à mão. Minha letra, perdeu meu toque pessoal. É torta e desconexa, misturo cursiva e de forma, em uma zona que mal forma palavras completas. Monossilábica no papel.


3:30, ligar 888-000-8989. E fim. E só.


Minha mão sente falta de escrever. Ela perdeu a conexão direta com meu cérebro que pensa em teclados. As palavras não se escrevem mais em minha cabeça. Ela são digitadas. Tec, tec, tec. Sou capaz de até ouvir o som.